Venezuela FANB tropas

A Venezuela e a Colômbia voltaram a militarizar a sua fronteira entre os estados Arauca e Apure durante o último fim de semana. O governo bolivariano acusa grupos armados colombianos de invadir seu território, enquanto o presidente Iván Duque culpa o lado venezuelano de gerar instabilidade na região.

No último domingo (16), a Força Armada Nacional Bolivariana (Fanb) enviou tropas, aviões de guerra e armamento para o estado de Apure a fim de “assegurar a ordem”, segundo o general-chefe do Comando Estratégico (Ceofanb) Domingo Hernández Lárez.

Os militares venezuelanos denunciam que grupos Terroristas Armados Narcotraficantes Colombianos (“Tancol”) estariam ameaçando as comunidades venezuelanas que vivem na região fronteiriça entre os dois países.

No município venezuelano de José Antonio Páez, o prefeito José María Romero (Psuv), respondeu um áudio anônimo que teria sido divulgado em dias anteriores pelo Exército de Libertação Nacional (ELN). A guerrilha colombiana teria dito que “a guerra seria contra a FARC, não contra o bolivarianismo ou qualquer civil”.

Na mensagem, o prefeito denuncia que cerca de 50 homens armados invadiram a cidade comunal socialista Simón Bolívar, cortaram o serviço de internet e começaram a ditar regras para a comunidade.

Em comunicado, a Corrente Revolucionária Bolívar e Zamora, organização política que atua no estado de Apure, denunciou que no dia 14 de janeiro, homens armados do ELN invadiram as comunas La Gran Unión e Víctor Díaz Ojeda, na região de Gabarra, sob argumento de estar em conflito com as dissidências da 10ª Frente da FARC.

“Exigimos que ambos grupos armados, tanto ELN, como FARC, que levem seu conflito a outro lado. Venezuela, Apure e a Cidade Comunal Simón Bolívar são territórios de paz, soberania e democracia popular”, afirmam em comunicado.

“Vamos mobilizar pessoas de todo o país para defender nosso território. Somos nacionalistas e somos contrários a qualquer invasão. A cidade comunal deve ser respeitada”, disse o prefeito venezuelano.

Nas suas redes sociais, também na última sexta-feira (14), o comandante do ELN, Antonio García, afirmou que os incidentes em Arauca seriam uma resposta aos “planos contrainsurgentes” da 18ª Brigada do Exército colombiano e da dissidência da FARC comandada por Arturo Paz.

“A confrontação não é contra a população, mas contra milicianos comprometidos com esse grupo de Arturo Paz”, declarou o chefe da guerrilha colombiana.

O ELN historicamente controla o departamento colombiano de Arauca, onde em abril do ano passado houve um conflito que durou cerca de 20 dias e terminou com 17 mortos e 3 mil desalojados. A guerrilha assegura que tratam-se de planos do Estado colombiano e da Casa Branca para gerar tensão na fronteira colombo-venezuelana.

Entre os dias 2 e 5 de janeiro, 27 pessoas foram mortas nos municípios de Fortul, Saravena e Arauquita, em Arauca. De acordo com a Defensoria Pública, 170 famílias, incluindo ex-combatentes, tiveram que abandonar a região nas primeiras semanas do ano por conta da insegurança.

“As comunidades temem que os grupos armados irregulares provoquem mais mortes e desalojamentos forçados”, declarou o defensor público colombiano Carlos Camargo.

O presidente Iván Duque esteve em Arauca no último fim de semana, liderando um Conselho de Segurança, ao lado do comando das Forças Armadas e do ministro de Defesa, Diego Molano. Após a reunião anunciou o envio de mais 700 soldados para o departamento fronteiriço.

“Vamos buscar os líderes dessas agrupações irregulares. Estamos numa operação transnacional para desmascarar suas operações”, declarou o presidente colombiano.

Desde o início de 2022, 6.800 militares colombianos foram enviados para fortalecer a segurança no departamento, o que não impediu o aumento da violência. No mesmo momento em que o chefe de Estado anunciava maior presença do Exército na região, organizações de direitos humanos divulgavam em redes sociais fotos da presença de tropas do ELN em Arauca.


 

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